I — Introdução II — Filmes --1. China --2. Hong Kong --3. Japão --4. Coreia do Sul --5. Tailândia --6. Filipinas --7. Malásia --8. Horror Day III — Encontros --China --Japão --Filipinas --Coreia do Sul IV — Palmarés

V — Extra ----Concerto Afrirampo ----Exposições de fotografia

Art of the Devil, AV, Beyond our Ken, Black Tight Killers, Born to Fight, The Cherry Orchard, Crying out Love, in the Center of the World, Everybody Has Secrets, Explosive City, A Family, Father, Feng Shui, Flying Boys, Gangster VIP, Green Chair, Ichigo.Chips, Kamikaze Girls, The Last Level, Letter from an Unknown Woman, Lorelei, McDull, Prince de la Bun, Mr. Suave, One Nite in Mongkok, Pa-siyam, Pattaya Maniac, Peacock, Peppermint Candy, Pontianak, Road, Some, Someone Special, Suffocation, Tales of Terror, Velvet Hustler, We Shall Overcome Someday, A World without Thieves, Zee Oui

Texto: Luis Canau

Fotos: Pedro Oliveira

Introdução

Da centro de Udine à sala de projecção do Teatro Nuovo. (A segunda imagem é multiângulo.)

A 8ª edição do Far East Film Festival de Udine (FEFF) decorreu este ano entre 22 e 29 de Abril, durante uma semana em que foram projectados 66 filmes, dos quais 43 em competição, seis integrados no Foco Especial em Directores de Fotografia e os restantes constituindo a primeira retrospectiva no Ocidente do cinema de acção do estúdio nipónico Nikkatsu. Acresceu ainda a exibição de um filme-surpresa, que viria a revelar-se o chinês «Father» (1995), de Wang Shuo, protagonizado por Feng Xiaogang, convidado pelo festival para apresentar o seu filme «A World without Thieves», na sessão de abertura.

Para lá da exibição de filmes, podiam visitar-se quatro exposições e, no dia de encerramento, assistir a um concerto das Afrirampo, em data única para Itália. A exposição mais relevante, no contexto do festival, reunia mais de 200 fotos de Jupiter Wong, nos bastidores de filmes de Hong Kong e da China, dispostas no interior do Teatro Nuovo Giovanni da Udine.

O FEFF é um local privilegiado para conhecer cinema asiático de qualidade, sobretudo popular, mas sem excluir propostas mais experimentais ou o chamado "cinema de autor". A diversidade das selecções permite também seguir as tendências nos principais mercados, sobretudo na China, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul. Mostram-se também alguns filmes de outros territórios com menos capacidade de penetração nos mercados externos, como a Tailândia e as Filipinas. Este ano, apresentou-se também uma obra malaia. O catálogo, extremamente bem organizado, é uma óptima fonte de informação sobre o estado das cinematografias locais, oferecendo ainda ensaios sobre o ano cinematográfico de territórios como Taiwan e Singapura, não representados com filmes nesta edição.

A relevância do festival na divulgação de cinematografías do longínquo Oriente reflectiu-se nos próprios filmes. Duas das obras projectadas incluem um agradecimento nos créditos ao FEFF: «Yesterday Once More» — exibido na mesma semana em Portugal, no IndieLisboa — foi rodado em Udine, com a participação de elementos da organização como figurantes; «Beyond our Ken», de Pang Ho-cheung, usa uma canção de Gianna Nannini, que o realizador afirma ter inspirado o desenvolvimento do filme, depois de a ter ouvido no aeroporto de Roma, na sequência da sua passagem pelo festival no ano anterior. A cantora italiana foi convidada especial do festival e esteve no palco do Teatro Nuovo, ao lado do realizador de Hong Kong, antes da projecção do filme. No outro filme de Pang, também apresentado este ano, «AV», há um gag que referencia o festival.

Outra das características do FEFF são os encontros com cineastas, em painéis diários, arrumados tendencialmente por cinematografias. Estes eventos, abertos ao público, são programados de modo a não colidirem com projecções, iniciando-se apenas depois de terminada a última sessão da tarde.

Os encontros realizaram-se por detrás do ecrã do Teatro Nuovo.

Este ano, o FEFF achou oportuno efectuar um destaque sobre o trabalho dos directores de fotografia, tendo sido convidados Gu Changwei (China), Tamra Masaki (Japão) e Kim Hyeong-gu (Coreia do Sul), os quais estiveram presentes num encontro especial, com uma duração mais longa que o normal; iniciou-se mais cedo, num dia em que não se realizou sessão às 16h00. "Eye of the Beholder", o foco sobre directores de fotografia, foi organizado por Hanna Lee, que seleccionou dois filmes de cada um dos convidados: «Red Sorghum», «Adeus Minha Concubina» (Gu), «Lady Snowblood», «Desert Moon» (Tamra), «Peppermint Candy» e «Memories of Murder» ( Kim Hyeong-gu).

A organização do festival é muito bem oleada. Nesta edição destacaríamos pela positiva a novidade de transferir o local dos encontros de uma sala pequena para um espaço amplo, por detrás do ecrã do Teatro Nuovo. A localização é perfeita, pelo vasta área e pelas condições técnicas, mas também pela invulgar atmosfera — mais do que "behind the scenes", "behind the screen". Menos positivo pareceu-nos deixar de ser necessário levantar bilhetes para as duas sessões nocturnas. É mais prático, mas levou a que os pisos superiores só fossem abertos à medida que os inferiores iam estando lotados. Por essa razão, entrámos na sala com as luzes apagadas em duas ocasiões, numa delas já com o filme a ser projectado.

Para lá do festival, este ano houve tempo para conhecer melhor a cidade de Udine e diversificar experiências gastronómicas. Pelo caminho ainda passámos, casualmente — não foi de propósito, a sério —, por alguns dos locais onde Johnnie To Kei-fung rodou «Yesterday Once More», como a Praça Matteotti, circundada por simpáticas explanadas. A atmosfera de cafés e restaurantes é excelente por toda Udine, em grande parte devido à proibição de fumar em locais fechados onde permaneçam humanos e isso inclui, felizmente, toda e qualquer área dentro das salas de cinema, incluindo o bar. Uma semana sem ter de evitar constantemente esses resíduos químicos foi um bónus que muito prezámos.

Continua

1ª Parte: China

5/06/05

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