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Fantasporto - Secções competitivas fechadas 19/12/02

O alinhamento final das secções competitivas do Fantasporto 2003 já está definido, anunciou hoje a Cinema Novo. No que toca a cinema asiático, não há novidades a assinalar em relação aos títulos anteriormente divulgados (mas quem sabe ainda surjam surpresas de última hora). Assim, na Secção Oficial Cinema Fantástico podemos encontrar «Elysium», de Kwon Jae-seong, «2009 Lost Memories», de Lee Si-myung, ambos da Coreia do Sul, «A Snake of June», outro título promissor do japonês Tsukamoto Shynia, mais conhecido por «Tetsuo» e a comédia gore sado-masoquista hiper-violenta, «Ichi the Killer» do sempre bem vindo Miike Takashi. Na Secção Oficial Première e Panorama incluem-se dois filmes coreanos: «Volcano High», de Kim Tae-gyun e «Say Yes», de Kim Sung-hong. O primeiro está comentado neste site [clicke-o], o segundo parece ter desagradado a muitos dos que seguem o cinema coreano moderno, mas não faremos julgamentos antes do visionamento. Poderão ainda ser vistos, ou revistos, alguns títulos adquiridos anteriormente pela Cinema Novo, nomeadamente «The Isle», «Audition» e «Tetsuo II»

O programa principal do Fantasporto 2003 decorrerá, como habitual, no Teatro Municipal Rivoli (dois ecrãs) e numa sala, complementar, do AMC de Vila Nova de Gaia, de 21 de Fevereiro a 3 de Março, mas outras projecções terão início logo no dia 17. O festival é inaugurado com «Adaptation» de Spike Jonze, encerrando com «Plots with a View» de Nick Hurran.

http://www.fantasporto.online.pt

Cinema Asiático na DVDReview 19/12/02

A revista portuguesa DVDReview vai passar a incluir uma coluna dedicada ao cinema asiático, a partir do número de Janeiro, que estará nas bancas a partir da próxima semana. O espaço dedicado às cinematografias asiáticas e que, certamente, irá suscitar o interesse dos leitores de Cinedie Ásia, não deixará de manter a ligação com o suporte DVD, ou seja, a disponibilidade dos títulos focados que, em grande parte dos casos, serão inéditos no mercado vídeo nacional.

Paralela a esta nova secção surgirá também uma "zona" dedicada ao cinema "negro". O número 15 da DVDReview inclui ainda análise a diversos títulos em DVD, incluindo «Homem-Aranha», «A Idade do Gelo», «Gosford Park», «Jogo de Espiões», «A Menina da Rádio», «Sala de Pânico», duas edições de animé: "Trigun" e "Cowboy Bebop". Há também espaço para sete títulos de música, um especial sobre o Homem-Aranha e testes a dez equipamentos de hardware.

http://www.rgb.interdinamica.pt/rgb/

Hero estreia dia 19 na China 14/12/02

Fotos: Lorac
Cartaz de «Hero» em Taipé, anunciando a estreia para 17 de Janeiro. As estreias seguem-se na Ásia durante o lucrativo período do novo ano chinês.
O wuxia pian de Zhang Yimou, o aclamado realizador de filmes como «Esposas e Concubinas», «A Tríade de Shangai» ou os mais recentes «O Caminho para Casa» e «Nenhum a Menos», estreia dia 19, na China e em Hong Kong, seguindo-se-lhes outros territórios asiáticos.

«Hero» foi fotografado por Christopher Doyle, colaborador de longa data de Wong Kar-wai. A direcção de acção é de Ching Siu-tung, realizador da trilogia «A Chinese Ghost Story» e «Swordsman II» (produções de Tsui Hark) e conta no seu elenco com algumas das mais célebres estrelas do cinema chinês, sobretudo daquele produzido em Hong Kong: Jet Li Lianjie, Maggie Cheung Man-yuk, Tony Leung Chiu-wai, Zhang Ziyi e Donnie Yen Ji-dan.

As filmagens de «Hero/Ying Xiong» iniciaram-se em Agosto de 2000, mas Zhang há anos que procurava realizar um filme baseado num género literário que muito apreciava desde a sua juventude, apesar das dificuldades de acesso durante a Revolução Cultural. O realizador lamenta que, apesar da génese do projecto ser anterior a «Crouching Tiger Hidden Dragon» (2000), tenha de inevitavelmente vir a ser comparado com esse filme ou até a ser considerado como uma “cópia”. Mas o realizador – em entrevista ao jornal chinês Southern Daily, citada pelo site MonkeyPeaches – não deixa de se congratular com o facto do sucesso do filme de Lee Ang no Ocidente ter criado uma maior abertura dos mercados ocidentais a filmes chineses de género.

Apesar de Zhang Yimou ser conhecido como um realizador de filmes de “arte e ensaio”, «Hero» é, segundo o próprio, “um filme de acção comercial”, com poucas pretensões de profundidade, tendo de incorporar não só a sua sensibilidade e a sua visão do mundo de fantasia da literatura wuxia, mas também os constrangimentos decorrentes da necessidade de fazer dinheiro para cobrir o seu orçamento (e, segundo consta, Jet Li recebeu uma boa fatia do mesmo, nos termos do seu recente estatuto de “estrela de acção” do cinema americano).

Ying Xiong
O realizador atribuiu o sucesso no Ocidente do “rival” «O Tigre e o Dragão» à familiaridade de Lee Ang com a cultura ocidental (americana). Zhang refere que Lee (mas terá sido o argumentista James Schamus) supervisionou a legendagem do filme e conseguiu manter o essencial do texto, enquanto que o público chinês assistiu ao filme em mandarim e teve dificuldade em deixar-se envolver pela história, dado o fraco domínio do dialecto por parte de Chow Yun-fat e Michelle Yeoh, os quais declamavam os diálogos foneticamente.

Zhang Yimou revelou-se consciente quanto aos factores que permitiram o sucesso do filme de Lee Ang no Ocidente não se irem reunir para «Hero», que, poderá, por outro lado, funcionar melhor com o público asiático. Além do anteriormente referido, outro desses factores é a estrutura linear, livre de segmentos isolados, ao jeito dos clássicos de Hu King-chuan ou Zhang Che, e uma duração que não chega aos 100 minutos, na sua versão original, sem reforçar um certo tom épico, entretanto popular, que, por vezes, se arrisca a raiar o aborrecido, nos casos de certas obras com quase três horas, mas com muito pouco para contar.

«Hero» já não parecia destinado a um grande futuro pelos nossos lados, depois dos direitos de distribuição para os EUA e outros territórios terem caído nas mãos da Miramax. Há rumores de que o estúdio está a evitar estrear o filme antes do final do ano para que não concorra aos Oscars contra as produções da casa, onde se inclui «Gangs of New York» de Scorsese, para além de lhe terem já sido aplicados os previsíveis e “inevitáveis” cortes. Assim, tudo indica que o filme de Zhang Yimou poderá apenas concorrer na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, tendo sido seleccionado para representar a República Popular da China.

Ying Xiong
Tony Leung Chiu-wai e Maggie Cheung Man-yuk reencontram-se depois de «Disponível para Amar».
O produtor Zhang Weiping, entrevistado para o Nanfang Daily – novamente citado em MonkeyPeaches.com –, vem, pela primeira vez, revelar alguma amargura perante a escolha do distribuidor. A Miramax prometeu mundos e fundos, em relação à promoção e distribuição do filme no Ocidente, mas não só não marcou uma data definitiva para a estreia, como não pagou os 20 milhões de dólares acordados, mas apenas um depósito de montante não revelado. A escolha foi feita tendo em conta a fama da subsidiária da Disney de conseguir vender com sucesso alguns filmes estrangeiros, no mercado interno e no exterior, para além de normalmente obter bons resultados nos prémios da Academia. (Até onde vão os limites da ingenuidade humana?)

Harvey Weinsten, o homem à frente da Miramax, que se compara a Ariel Sharon, tem sido descrito pela imprensa como uma pessoa com “pouco auto-controle” e “um toiro enraivecido” e é conhecido pelas suas explosões de fúria em público. Foi acusado de orquestrar uma campanha contra o filme «Uma Mente Brilhante/A Beautiful Mind», durante a campanha de votação para os Oscars, uma questão que resvalou para ameaças contra executivos da Universal, que entretanto o apelidaram de “rufia”. Weinstein, que já ganhou a alcunha de Harvey Mãos-de-Tesoura [Scissorhands], devido à facilidade com que remonta (e censura) filmes para os tornar mais "adequados" ao mercado, justificou-se numa entrevista à revista New Yorker, dizendo: “Eu não corto por diversão. Eu corto para que aquela merda funcione”. Acrescenta ainda, como se fosse possível alguém continuar a questionar as suas motivações: “Toda a minha vida servi um mestre: o cinema. Adoro filmes.

http://www.newyorker.com/press/content/
http://www.monkeypeaches.com/0212M.html#021212A
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DVDs Shaw Brothers não são anamórficos 14/12/02

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come drink
Cheng Pei-pei
DVD de «Come Drink with Me» (IVL, Hong Kong, R3).
Para grande frustração de muitos cinéfilos, e apesar de todas as expectativas criadas, os recentes DVDs editados em Hong Kong pela Intercontinental Video (IVL) não são optimizados para televisores 16:9, o que significa que quem tiver um sistema de home-cinema minimamente actualizado vai ter de ver estas obras de algum modo comprometidas, com uma considerável perda de resolução da imagem. O que é, no mínimo, bizarro é que as entrevistas, incluídas nos extras do disco, são apresentadas no formato 16:9 anamórfico. Há também referências a alterações de efeitos sonoros e remoção de música ou "cues". Neste último caso, as alterações parecem ser motivadas por razões de copyright, já que na altura da produção as companhias de Hong Kong não se importavam em reciclar música e efeitos sonoros de outros filmes, nomeadamente de Hollywood, sem pagar direitos.

«Come Drink with Me» tem uma qualidade geral bastante boa, tendo em conta a idade (quase 40 anos). A embalagem vem com a caixa do DVD dentro de uma "slip case" de cartão com o mesmo design. A transferência é de boa qualidade, mas há momentos em que se nota alguma falta de resolução e as cenas mais escuras denotam limitações a nível de contraste e brilho. Obviamente, ao fazer-se zoom numa TV 16:9 piora-se a qualidade de reprodução vídeo; quanto maior o ecrã, mais se revelarão as limitações da fonte. A linha superior da imagem está muito ligeiramente curvada para baixo, mas tal não é notório durante o visionamento do filme (é mais claro pelas imagens ao lado). A imagem tem um formato de aproximadamente 2.16:1, o que significa que há um desperdício de cerca de 9% em relação ao enquadramento original (ou distorção?) O som é Dolby 5.1, sem pista mono alternativa. A remistura não é muito "moderna", mas alguns momentos revelam uma espacialidade sonora pouco natural. A legendagem tem um problema que não é particularmente grave, mas que não deveria ter passado o "controle de qualidade" da produção do disco: há um efeito de "eco" com algumas linhas de texto, que desaparecem e voltam logo a aparecer em seguida. Quanto a extras, o disco inclui dois trailers para o filme, mas quatro para outros lançamentos, algumas fotografias, notas de produção e biofilmografias. O conteúdo mais substancial é o comentário áudio, com Bey Logan, Cheng Pei-pei e Marsha Yuen (filha de Cheng) e cinco entrevistas: Cheng Pei-pei, Yueh Hua, Marsha Yuen, Paul Fonoroff e Bey Logan. São todas em inglês, sem legendagem para o público chinês, excepto a segunda, em chinês mandarim, igualmente sem legendagem.

Resta esperar que os futuros títulos do catálogo da Shaw Brothers sejam tratados com um pouco mais de cuidado e que, especialmente, sejam editados em transferências vídeo "modernas", com optimização 16:9, algo que já não é invulgar em Hong Kong, mesmo para títulos antígos.

Dolls sensibiliza japonesas 12/12/02

Kitano Takeshi esteve em Paris a apresentar o seu 10ª filme, «Dolls», e, em entrevista ao jornal brasileiro O Globo, revelou que são sobretudo as mulheres japonesas as responsáveis pelo sucesso da sua mais recente obra. "[As] mulheres atônitas com a violenta intensidade das histórias de amor contadas por Kitano lotam as sessões deste que já é o filme japonês mais visto do ano", pode ler-se no artigo, que, curiosamente, refere dois aspectos focados na análise Cinedie Ásia: o grande poder de nos colar à cadeira, mesmo depois de terminarem os créditos, e a devastadora violência de um filme cuja emotividade poética tem mais capacidade de nos afectar que o mais gráfico "gore".

Kitano, possivelmente com alguma ironia, acrescenta considerar que "as mulheres não estão acostumadas a lidar com sentimentos tão intensos no cinema". Leia também o comentário Cinedie Ásia.

http://globonews.globo.com/GloboNews/article/0,6993,A437130-13,00.html

Protestos Anti-Disney Chegam à Variety 4/12/02

“The Alliance for the Respectful Treatment of Hong Kong Films”, o lobby formado por fãs de cinema de Hong Kong – centralizado numa página web, à qual entretanto aderiram dezenas de outras –, com vista a pressionar a Disney e as suas subsidiárias, Miramax e Dimension, para desistirem de efectuar alterações em alguns dos seus filmes favoritos, tem passado despercebido pelos mass-media americanos, mas a revista Variety publicou recentemente um artigo sobre o assunto, assinado por Wendy Kan, a partir de Hong Kong.

Nesse artigo, a jornalista refere a existência de uma petição online, que já foi assinada por mais de 9000 pessoas e prossegue, citando as motivações dos cinéfilos consumidores de DVD: “não acreditamos ser apropriado cortar filmes para: reduzir a sua duração, aumentar a proporção de acção em relação aos diálogos, diminuir a sua influência “asiática” de modo a ocidentalizá-los, alterar o ritmo ou censurá-los”. Um dos títulos mais conhecidos, a passar pelo crivo da Miramax, foi a popular comédia «Shaolin Soccer», que viu a sua duração reduzida para 86 minutos, o que significa quase 20 minutos de material removido, fora alterações que não afectem o tempo total.

Sugerindo que as intenções da Disney podem ser culturais e não só comerciais, a Aliança dá o exemplo de lançamentos bem sucedidos, de filmes de Hong Kong em DVD, que mantiveram uma opção de aceder à versão original dos filmes, por parte da companhia britânica Hong Kong Legends e da major Columbia Tristar.

O artigo da Variety reduziu os protestos a um conjunto de cinéfilos norte-americanos, não se apercebendo da sua escala verdadeiramente planetária, uma vez que as versões da Disney são normalmente distribuídas por todo o mundo.

O site da Aliança encontra-se em http://www.hkfilm.net/disney/ e Cinedie.com foi um dos primeiros sites a aderir ao movimento.

http://www.variety.com/index.asp?layout=upsell_article&articleID=VR1117875688&cs=1

[a leitura integral do artigo requer uma subscrição, que pode ser gratuita, durante um período de teste]

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Num tópico relacionado, o crítico Jack Mathews, revelou, num texto publicado no New York Daily News, de 24/11/02, que conseguiu uma resposta por parte de Richard W. Cook, presidente dos Walt Disney Studios, à pergunta porque é que o estúdio estava a tratar o filme de Miyasaki Hayao «Spirited Away» («Sen to Chihiro no Kamikakushi») como um qualquer “drama histórico eslovaco com legendas” e não como o bom entretenimento familiar que é. Depois de continuamente ignorado, Mathews publicou no jornal um artigo em forma de carta aberta a Cook, o qual acabou por responder ao desafio.

O filme, em versão inglesa, chegou a estar em 151 salas de cinema (um número insignificante para os EUA), mas estaria, na altura da escrita do artigo, em apenas 100, sendo que apenas um ecrã projectava o filme na cidade de Nova Iorque. De acordo com Cook, tudo está a correr conforme o planeado, que é, afinal, uma estratégia a longo prazo, que poderá levar o filme a ocupar 1000 salas. O dinheiro para a campanha está previsto e pronto a usar. Acrescentou ainda que «Spirited Away» tem hipóteses de ser nomeado para os Oscars, não só na categoria de Melhor Filme Animado, como também na categoria principal de Melhor Filme.

Resta esperar. Recorde-se que «Princesa Mononoke», a anterior obra do realizador japonês, também tinha um plano de expansão gradual, mas o filme morreu nas bilheteiras por falta de promoção. Por outro lado, a pressão dos críticos (tem uma taxa de aprovação de 98%, no indíce www.metacritic.com, que agrega os principais críticos norte-americanos) e dos fãs de animação (japonesa ou não) pode vir a convencer a Disney de que se repetir o mesmo sistema muitas vezes, mais pessoas podem começar a acreditar em certas teorias da conspiração, que afirmam que a companhia do Rato Mickey compra para distribuição obras artisticamente superiores às suas produções próprias e depois faz o possível para que não funcionem comercialmente no Ocidente.

Jack Mathews acompanhou, em meados dos anos 80, as peripécias de Terry Gilliam, em luta para conseguir exibir o seu filme «Brazil» nos EUA, sendo autor do livro “The Battle of Brazil”.

http://www.nydailynews.com/entertainment/col/story/37951p-35839c.html

Fantasporto 2003 1/12/02

2009 Lost Memories DVD
DVD coreano de «2009 Lost Memories».
O Festival Internacional de Cinema do Porto anunciou, para a edição de 2003, uma "presença significativa" de filmes asiáticos, com destaque para produções da Coreia do Sul. Os títulos programados incluem a ficção científica de «2009 Lost Memories», o filme de animação 3D «Elysium», o thriller «Say Yes», e o wuxia pós-moderno «Volcano High». Um destaque terá de ser feito a «Ichi the Killer», do sempre bem vindo Miike Takashi [comentário disponível em breve]. Por alguma razão, a palavra "retrospectiva" quase se escreve automaticamente perante este nome. Ainda do Japão, está programado «A Snake of June», o último de Tsukamoto Shinya, que também passou recentemente por Sitges. O festival decorre de 21 de Fevereiro a 1 de Março. [Vd. texto sobre o Fantasporto 2002].

http://www.fantasporto.online.pt

Catálogo da Shaw Brothers em DVD 1/12/02

asiandvdguide.com
Ta Zui Xia
«Da Zui Xia/Come Drink with Me» (1965), de King Hu.
A Celestial Pictures, a companhia que adquiriu os direitos de todos os filmes do estúdio Shaw Brothers, anunciou o início da sua distribuição em DVD e VCD a partir de Dezembro, numa conferência de imprensa que decorreu em Hong Kong, a 5 de Novembro. A Shaw Brothers estabeleceu-se na ex-colónia britânica, no final dos anos 50, e dominou a produção cinematográfica na Ásia Oriental, até encerrar essa actividade em 1983, dedicando-se exclusivamente às produções televisivas do seu canal TVB (voltou a produzir alguns filmes em meados dos anos 90). Estes filmes têm estado indisponíveis desde o lançamento em sala, décadas atrás, com excepção de algumas edições vídeo com dobragem em inglês e o Shawscope transformado num quadrado, com uma extracção de metade do enquadramento original, de modo a preencher o ecrã de TV. A Celestial Pictures, propriedade de um magnata da Malásia, pagou 80 milhões de dólares por todos os direitos – incluindo o de produzir remakes e sequelas – sobre o catálogo de filmes da Shaw Brothers.

São 760 os títulos a restaurar e remasterizar digitalmente, de entre comédias, musicais e filmes de artes marciais. Não há ainda informação se as transferências vídeo serão anamórficas, apenas sendo referido o formato original e a inclusão de legendas em inglês, mas a indicação de que um número relevante destes DVDs foi criado em masters de alta definição poderá ser uma razão para optimismos. A Celestial já vendeu os direitos para outros territórios asiáticos, esperando-se que o mesmo suceda para o ocidente, de modo que estas edições são codificadas regionalmente, o que não tem sido regra no mercado de Hong Kong. O distribuidor para Hong Kong e Macau é a Intercontinental Video (IVL) que irá lançar a primeira dezena de títulos a partir de dia 5 de Dezembro, já disponíveis para pré-encomenda na generalidade das lojas online de vídeos asiáticos [vd. links], por um preço que ronda os HK$90 (menos de €15). Estes títulos são: «Come Drink with Me», «The Heroic Ones», «Hong Kong Nocturne», «Killer Clans», «Kingdom and the Beauty», «Love in a Fallen City», «The Price of Love», «The Tea House», «Twinkle Twinkle Little Star» e «The Warlord».

De acordo com The Asian DVD Guide, alguns destes títulos contém apelativos extras, que parecem apontar para um público internacional (apesar do formalismo da codificação R3): reportagens de bastidores, entrevistas e comentários áudio, muitos dos quais com Bey Logan, o especialista em cinema de acção de Hong Kong, que tem dado excelentes contributos nessa área, para as edições britânicas da Hong Kong Legends.

Chegou a altura de (re?)descobrir dezenas, centenas, de clássicos. No campo das artes marciais, não serão poucos a defender que figuras pouco conhecidas no Ocidente, como King Hu e Zhang Che, deveriam estar ao lado de Kurosawa Akira, em termos de reconhecimento crítico. Apesar do primeiro ter tido alguma projecção europeia, com a passagem de «Xia Nu/A Touch of Zen» pelo Festival de Cannes, em 1975, e da atenção dada pela respeitável revista francesa "Cahiers do Cinema" (especial Hong Kong Cinema, 09/84), os nomes de Hu e de Zhang raramente são mencionados, fora do âmbito da bibliografia dedicada ao cinema de Hong Kong dos anos 60 e 70 ou de publicações de temática restringida ao cinema de acção da ex-colónia britânica.

http://www.asiandvdguide.com/
http://www.dvdcult.com/KFDVD5.htm
http://www.screendaily.com/story.asp?storyid=10120

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