Sitges 2003
Asano Tadanobu
|
|
O actor japonês Asano Tadanobu esteve em Sitges para promover o filme «Zatoichi», de Kitano Takeshi. A apresentação do filme ficou marcada para o final da noite de sexta-feira, 5, tendo Asano, naturalmente, comparecido na projecção, depois de ter entregue o prémio Máquina do Tempo a Miike Takashi, na quarta-feira anterior, precedendo «Gozu». O actor voltaria a subir ao palco do Auditori, uma vez que o filme de Kitano viria a ganhar o Grande Prémio da Secção Oficial Fantàstic.
A conferência de imprensa realizou-se no final da manhã de sexta-feira, seguindo-se a um photo-call cuja localização foi alterada sem que nos apercebêssemos, do jardim do hotel Melià, para o espaço Mirador. Asano manteve-se na sala durante cerca de 20 minutos, um tempo relativamente reduzido, para o que terá contribuído uma presença não particularmente forte dos media. O castelhano da tradutora japonesa não se nos aferiu muito claro, mas, em todo o caso, não se tratou de um evento que levasse a que se abordassem temas particularmente complexos, nem a que se discorresse de forma desenvolvida sobre filmes ou cineastas.
Asano Tadanobu referiu-se a Kitano como alguém com muitas caras, uma “personagem” muito curiosa, que antes de se dedicar ao cinema era um humorista muito bem sucedido e que tem conseguido equilibrar muito bem estes três papéis – comediante, actor e realizador –, ao longo de uma carreira, que, no que à Sétima Arte diz respeito inclui “muitas obras belas e perfeitas”. O actor comentou, brevemente, uma pergunta referente à violência presente em «Zatoichi», dizendo que, na sua opinião, “não se pode comparar a violência de um filme de época com aquela que está presente num filme passado nos nossos dias”.
Questionado sobre se estaria surpreendido por ser considerado, actualmente, uma espécie de "rosto do cinema japonês" no estrangeiro (em Sitges esteve presente em «Zatoichi», «Bright Future», de Kurosawa Kiyoshi, e «Gojoe», de Ishii Sogo), Asano, que recebeu recentemente o Prémio de Melhor Interpretação da Secção Contracorrente do Festival de Veneza, pelo filme «Last Life in the Universe», de Pen-ek Ratanaruang, revelou alguma modéstia no modo como abordou a questão, procurando evitar focar a sua relevância individual no seio da cinematografia do seu país natal. Afirmou-se muito contente com a distribuição internacional de «Zatoichi», em particular porque é algo muito significativo para a indústria cinematográfica japonesa, adiantando ainda que o seu desejo é sobretudo fazer cada vez mais filmes de qualidade com realizadores famosos. Para ele, um filme de “qualidade” pode reconduzir-se, singelamente, à sua eficácia “divertir” as audiências, mas nós duvidamos que a Comissão Classificadora de Espectáculos pudesse basear-se em tal princípio, adicionando o característico “Q” a «Ichi the Killer». [Aqui, tal como em outras ocasiões, ficámos com a impressão de que a tradução estaria a ser demasiado simplificada.] Uma pergunta recorrente não poderia deixar de surgir: e que tal trabalhar em Hollywood? Asano disse que sim, que “gostaria de trabalhar noutros países, com pessoas diferentes”. (Faltou especificar se aceitaria qualquer espécie de papel.)
Asano afirmou que a nova leitura de Kitano sobre a personagem de Zatoichi não resultou em qualquer espécie de polémica. “Todas as pessoas aceitaram o novo Zatoichi e aplaudiram o filme”. Acrescentou que “Zatoichi é uma personagem muito famosa no Japão e as pessoas têm uma imagem muito forte e definida da personagem. Por essa razão, Kitano teve de criar um estilo muito próprio para o seu filme e para a sua personagem.”
[O próximo parágrafo refere-se ao final de «Zatoichi», pelo que o texto se encontra escondido. Se já viu o filme, pode seleccionar o parágrafo com o rato ou fazer control+A]
Sobre o facto do conflito final entre a personagem de Asano (o ronin Hattori) e Zatoichi ser muito breve, o actor disse que, desde que praticou karate, quando pequeno, sabe que quando um dos oponentes é muito mais forte do que o outro, o confronto não demora muito tempo. Como Zatoichi é claramente o mais forte, a batalha termina muito depressa.
Em relação a Miike Takashi, Asano disse tratar-se de alguém com “uma personalidade muito forte, em quem todos confiam. Se surge algum problema na rodagem todos sabem que podem recorrer a ele. Miike também confia na sua equipa e sustém o ambiente de colaboração entre todos.”
27/12/2003
|