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6. Directo à Jugular

Suicide Club Análise sumária de Hugo Freire Gomes a uma dezena de filmes que passaram por Sitges, do horror à arte e ensaio, passando pela acção, e sem evitar alguns blockbusters americanos. A exposição segue a respectiva ordem de projecção no festival.


Jisatsu Circle [Suicide Club].
Um detective investiga uma série de suicídios em massa ocorridos entre a juventude nipónica. Shion Sono dirige este thriller psicológico, profuso e irónico, que deixa mais interrogações do que respostas. Uma crítica voraz à cultura e geração “otaku”, aquela que cresceu entre o triângulo jogos-manga/anime-Internet. Infelizmente, o “hype” fez-lhe mal e o impacto dilui-se em tanto japan-pop.
3,5

Karen Mok Zhao Wei Shu Qi
Três mulheres de acção: Karen Mok Man-wai, Vicky Zhao Wei e Shu Qi («So Close»).

Chik Yeung Tin Sai/So Close.
Entre as encomendas de Hollywood e de Luc Besson, Corey Yuen dirigiu esta fita de acção divertida e despretensiosa sobre uma parelha de irmãs assassinas (Shu Qi e Zhao Wei) que utilizam a invenção do pai falecido para aceder a qualquer sistema de vigilância do mundo. Karen Mok é a detective na peugada das irmãs. Estilo e charme, audácia e elegância. Tudo aquilo que o segundo capítulo d´«Os Anjos de Charlie» foi incapaz de produzir. Servido com um suave travo a série B.
4

Ong-Bak.
A história de um rapaz inocente e ingénuo que parte para a cidade em busca de uma estátua roubada da sua aldeia natal. Poderia ser mais um pretexto em forma de sinopse para Van Damme convocar Ringo Lam de Hong Kong, mas é simplesmente o filme de artes marciais do ano. Esta pedra preciosa chega-nos da Tailândia e já se rodeou de um culto substancial à sua volta para os “happy few” que tiveram a felicidade de passar os olhos por esta “maravilha”. Coreografias estonteantes e uma revelação gigantesca para o cinema de artes marciais: Phanon Yeerum, o herdeiro de Yuen Biao e Donnie Yen?
4,5

Ong Bak Ong Bak
«Ong Bak», um filme de acção "a doer", sem fios nem efeitos visuais.

Texas Chainsaw Massacre
Remake redundante do clássico de horror de Tobe Hooper. Perdeu-se a atmosfera e a crueza dilacerante do original, ficaram só os ossos, ou seja, a magnífica fotografia de Daniel Pearl, que volta a acumular essa responsabilidade após 25 anos. Já não é mau...
2

Aragami
Conto sobrenatural sobre um demónio guerreiro à procura da derradeira batalha que poderá culminar com a sua inexorável existência. Sim, é “bullshit” da pior, mais uma bizarria do epiléptico realizador do inenarrável «Versus». Ryuhei Kitamura é japonês, cresceu entre os jogos de consola e a anime; e transladou essas influências para as suas obras, misturando-lhe elementos de chambara e retalhos de horror, artes marciais (wire-fu bimbo) e futurismo. «Versus» foi um sucesso junto dos “otakus”, os fans extremados de anime e manga, mas é um filme (premissa?) que se esgota em 30 minutos. Em oposição a «Versus», «Aragami» mescla um minimalismo extremo (3 personagens, 1 habitação) com lutas menos aparatosas e mal iluminadas. Nada de novo, portanto.
2,5

Aragami Swat
«Aragami» e «SWAT»: dois continentes e dois estilos de cinema de acção diversos. O pior de dois mundos?

SWAT
Samuel L. Jackson lidera um grupo SWAT de L.A. obrigado a transportar um criminoso amaneirado francês. Tudo se agrava quando o malfeitor oferece uma quantia exorbitante para quem o salvar. Poderia constituir um episódio-piloto razoável para televisão, mas não, infelizmente é uma longa-metragem. Contém uma piada muito pouco subtil a John Woo. A audiência não percebeu, talvez devido ao adiantado da hora. Deverá estrear em Portugal em Janeiro de 2004.
2,5

Singing Detective
Downey é Dan Clark, um escritor de policiais confinado a uma cama de hospital devido a uma doença de pele. Enquanto convalesce, imagina-se como a personagem principal de um dos seus livros - uma espécie de Sam Spade dado a cantorias - e recorda imagens e visões da sua infância. A mãe adúltera, Carla Gugino, esvoaça por si com uma sombra ameaçadora. Baseado num argumento de Dennis Potter que criou igualmente a mini-série homónima, exibida entre nós nos finais da década de 80. A versão cinematográfica de Keith Gordon vale pela extraordinária performance de Downey Jr, que assina aqui uma verdadeira “tour de force” pessoal, um grito assustador e redentor de um actor fabuloso.
3,5

The Singing Detective All Tomorrow's Parties
«The Singing Detective», da Secção Fantàstic e «All Tomorrow's Parties», uma das Novas Visões que dispensávamos.

Mingri Tianya [All Tomorrow´s Parties]
Título retirado de uma música dos Velvet Underground. Num futuro relativamente próximo, uma China desoladora despojada de valores ocidentais deu lugar a uma tirania fascista de reminiscências budistas. Dois irmãos rebeldes são enviados para um campo de concentração de estética neo-nazi de forma a serem “reeducados”. Rotulado no circuito da crítica internacional como uma espécie de resposta chinesa aos europeus «Stalker» e «Fahrenheit 451».Um contemplativo e pretensioso Nelson Yu Lik-Wai dirige tudo de forma exasperante, maçadora e auto-indulgente.
1

Alexandre Aja
Alexandre Aja, 25 anos, consagrado Melhor Realizador em Sitges.

Regressão/Abandon
Katie Holmes é uma estudante sob pressão: há exames e tese para completar, aliado a um processo competitivo de recrutamento para uma empresa de consultoria de créditos firmados. Além do mais, um desgosto amoroso parece ter regressado do passado para assombrar a sua vida. A beleza perene de Holmes não serve para resgatar este thriller de suspense das masmorras da vulgaridade. Já lançado entre nós directamente para o mercado de aluguer.
2

Haute Tension
Escrito por Alexandre Aja e Grégory Levasseur e dirigido por Aja, este “slasher” francês conta-nos a história de duas jovens estudantes, Marie e Alex, que decidem partir para a França rural e assentar arraiais durante o fim de semana numa casa de campo da família de Alex. O bucólico e o idílico rapidamente dão lugar a uma noite de horror, quando um misterioso assassino nómada interrompe a serenidade do local. «Haute Tension» é um filme de terror anterior ao seu tempo, anacrónico e orgânico, visceral e cru. Aja cresceu a ver filmes, é cinéfilo, viu e reviu obras de horror fundamentais como «Fim de Semana Alucinante», «Maniac» e «Massacre no Texas». Esta é a sua homenagem, com uma roupagem nova: há uma história de amor pelo meio, impossível é verdade, como nos filmes.
4

Ai ai mi cabeza Cécile de France
«Haute Tension», um filme de horror para estômagos fortes, à moda antiga. Melhores Efeitos de Maquilhagem (preparação de uma decapitação invulgar, à esquerda), Melhor Actriz (Cécile de France, na foto à direita) e Melhor Realizador.

Palmarés

11/01/04

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Capítulos
Especiais
1. Horror Tradicional
2. Horror Série Z: Mondo Macabro
3. Uma Chamada do Japão
4. Hong Kong Ainda Existe
5. Coreia do Sul em Alta
6. Directo à Jugular, análise de Hugo Freire Gomes
Dia da Coreia - Conferência de imprensa
Conferência de imprensa com Miike Takashi («Gozu»)
Conferência de imprensa com Asano Tadanobu («Zatoichi»)
Fórum: "O Cinema Japonês Contemporâneo", com Miike Takashi e Lida Joji
Fórum: "Coreia, Cinema Explosivo"
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