GFFIS 2006 — 3rd Green Film Festival in Seoul
체3회 서울환경영화제
A 3ª edição do Green Film Festival in Seoul, uma iniciativa da Korean Green Foundation, instituição que nasceu com o objectivo de ser “uma ponte entre corporações e governo, públicos e ONGs ambientais, sob a bandeira do ambiente”, realizou-se na capital da Coreia do Sul, entre 4 e 10 de Maio de 2006.
O festival contou com o apoio dos Ministérios do Ambiente e da Cultura e Turismo e do Korean Film Archive e uma página e meia no catálogo de patrocínios de algumas importantes marcas coreanas, como a Samsung, os armazéns Lotte ou a operadora telefónica KTF.
Devido à sobreposição de datas com o JIFF, só foi possível assistir aos últimos dias do GFFIS.
I — Introdução
Apesar de se tratar de um festival de modesta dimensão e com temática específica, apresentando obras de países territorial e culturalmente longínquos, o Green Film Festival é recebido com entusiasmo por uma audiência fiel, que viria a esgotar um considerável número de sessões.
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Entrada para o multiplex Star Six. Dois ecrãs foram usados pelo GFFIS. O Liceu Feminino Ehwa situa-se um pouco abaixo na mesma rua. |
A Competição Internacional contou com vinte títulos, entre ficção e documentário, curtas, médias e longas-metragens, provenientes de catorze países — Ásia, Europa e América do Sul. Estes filmes concorriam a quatro prémios: GFFIS Grand Prize (10 milhões de wons [8 284 euros]), Excellence Prize (5 milhões), Best Short Film (2 milhões) e Audience's Choice Award (1 milhão).
Entre os temas abordados pelos filmes da secção principal do GFFIS incluíam-se as sequelas do acidente de Chernobyl, ameaça à subsistência de actividades tradicionais por força da industrialização, o recurso por parte de multinacionais a mão-de-obra barata em países em vias de desenvolvimento ou a exploração desequilibrada dos recursos naturais do planeta. O ambiental e o social conviviam com frequência.
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Liceu Feminino Ehwa, local one se realizou a sessão de encerramento do festival. |
Os documentários dominaram, com apenas uma longa-metragem de ficção — «Taking Father Home», da China. A ficção teve uma presença mais forte no âmbito das curtas e da animação.
Sob a designação Green Panorama agrupou-se um conjunto de 49 filmes mais diversificados, com muitos títulos provenientes do continente europeu. Incluíam-se aí dois documentários populares, já estreados em Portugal — «Mondovino» e «La Marche de L'Empereur» —, mas também «The Great Yokai War», de Miike Takashi.
As outras secções do festival foram Children of the Earth, com uma selecção de filmes para toda a família, Theme 2006 — Ecosports: Walking and Running e a retrospectiva Spectrum Seoul: 1950-2000, um olhar sobre as mudanças na capital, durante as últimas cinco décadas, através do cinema. Aí se incluíram os mais recentes «A Single Spark» (1995) e «Sorum» (2001) e três filmes, que permitiam um olhar ao passado da cidade, de 1956, 1975 e 1987.
A introdução no catálogo do festival à secção Ecosports reflecte, em certa medida, o espírito do festival, pelo que se justifica uma citação generosa:
“Apenas 5% da população coreana já alguma vez jogou golfe. O número de pessoas que já fizeram ski poderá ser superior, mas, em todo o caso, golfe e ski não são desportos comuns para os cidadãos. No entanto, o governo prometeu acabar com a regulamentação que impede a construção de novos campos de golfe [, que constituem] um desperdício de terras desnecessário, podem apenas ser desfrutados por alguns e perturbam o ambiente, acabando com habitats naturais. Um dos temas mais falados de 2006 é o Campeonato do Mundo na Alemanha. Muitas pessoas, entusiasmadas com o futebol, chegam a memorizar os nomes de jogadores internacionalmente famosos. No entanto, muito poucos pensam no futebol como um desporto simples e amigo do ambiente que pode ser jogado em qualquer parte do mundo, tanto por novos como por velhos.”
O GFFIS criou ainda o Environmental Digital Production Plan, ao qual podem concorrer cineastas independentes, com interesse em questões ambientais. Os filmes seleccionados em cada ano são projectados no festival do ano seguinte. Nesta edição, foram apresentados quatro obras, contempladas no ano passado pelo EDPP.
Organização, Salas e Generalidades
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A praça em frente ao Museu de História de Seul foi ocupada por várias tendas dedicadas ao ambiente, incluindo o Solar Café - à direita na primeira foto. A segunda foto foi tirada do Solar Café, apontando para o outro lado da praça. O local principal das projecções situa-se na área dos prédios altos que se vêem ao fundo e à direita. |
Tal como o JIFF, o GFFIS é um evento bem estruturado, contando com a participação de um grande número de voluntários. O sistema de compra ou levantamento de bilhetes assentava também na atribuição de um número único a cada sessão, tornando o processo rápido e eficaz.
Alguns títulos não tinham legendagem em inglês, mas não eram muitos, sendo tal assinalado no programa ou num placard informativo. Havia casos, como «A Marcha dos Pinguins» em que a cópia era a de exibição comercial, com narração em coreano. Por norma, os filmes não-anglófonos vinham com legendas impressas em inglês, com projecção vertical do coreano no lado direito do ecrã.
O festival realizou-se em cinco salas, duas do multiplex Starsix, o Museu de História de Seul e o Ehwa Girls' High School Centennial Hall, onde também se realizou a sessão de encerramento. O Yonsei University Centennial Hall foi apenas usado para a sessão de abertura.
A maioria das projecções eram digitais, havendo apenas a assinalar um defeito: em alguns filmes, se não em todos, o som não estava conectado directamente ao amplificador da sala, mas através de uma ligação adaptada, de modo que o que ouvíamos não vinha do ecrã, mas algures do meio da sala. Foi algo a que me habituei rapidamente e não considerei grave tendo em conta o tipo de filmes em causa (documentários gravados com som directo).
Na praça em frente ao Seoul Museum of History estavam montadas várias bancadas, com informação sobre o festival, mas também dedicadas à divulgação de temas ambientais específicos: “Zero Food Waste”, reciclagem, artesanato amigo do ambiente — as actividades que pediam a interacção do público incluíam desenhar uma baleia numa T-shirt ou tingir roupas com corantes naturais — e o Solar Café (com acento e tudo no folheto informativo).
O Solar Café oferecia uma variedade de chás orgânicos, num espaço que, como o nome indica, funcionava a energia solar. Os chás podiam ser consumidos como contrapartida de um donativo irrisório (1000 won, i.e., menos de 1 euro), para contribuir para a construção de estações de tratamento de água em países subdesenvolvidos.
No mesmo local, realizaram-se outras actividades para o entretenimento de crianças que vinham em excursões organizadas por escolas primárias, de modo a consciencializá-las, desde tenra idade, para os problemas relacionados com a preservação do ambiente.
II — Filmes
Uma vez que o festival apresentou obras de variadas extensões, a generalidade das sessões foram compostas por mais do que um filme: uma longa-metragem com uma ou duas curtas, várias curtas, ou apenas uma longa, caso a duração desta andasse próxima dos 90 minutos.
Para efeitos desta análise, começamos por comentar os filmes mais curtos, terminando com as longas-metragens.
Curtas
Os filmes mais breves agrupam-se tendencialmente em duas categorias: aqueles que exploram um conceito artístico e os que contam uma história ou anedota. No caso da animação, os que exploram ideias poéticas ou abstractas, reflectem tal intento na criação visual dos elementos que compõem o quadro.
As obras de duração media e as mais longas, com mais de 20 minutos, por vezes padecem de um mal, já anteriormente referido, a propósito de outras análises, que é quererem esticar a duração do filme para lá das ideias com que lidam. Alguns funcionam muito bem até 10 ou 15 minutos mas por alguma razão optam por continuar e o espectador pode, entretanto, ter perdido o interesse.
«We Hear them Cutting» (Brasil, 1'15) é um poema animado, sobrepondo a ideia do abate indiscriminado de florestas com a morte: motosserras, árvores cortadas, esqueletos enforcados, salpicos de sangue. Originalmente produzido para a Internet.
«Bob Log III's Electric Fence Story» (Alemanha, 2' 25) é um bom exemplo de uma ideia simples e funcional, em forma de anedota. Recorre a animação de modelos, muito básica, e limita-se a uma exposição sumária e a uma punchline. Curto e hilariante, não deixa que haja tempo para perder a piada. O narrador conta a história de como, sob o efeito do álcool, decide parar o carro no campo, na beira da estrada, para empurrar vacas que aí dormem. Porque, supostamente, elas viram 180º e ficam de patas para o ar, rígidas. Bom, com vacas de plasticina concerteza; confesso a minha ignorância em relação a vacas reais e não pretendo efectuar uma excursão de “cow tipping” para estudar o tema.
«Stop Human Cloning» (Indonésia, 4') é animação crua em recortes, com uma sequência de gags que vão do engraçado ao sem piada. Duas figuras vão ficando com várias partes do corpo trocadas. Não parece ir muito ao encontro da mensagem expressa pelo título. Pelo menos não me parece que as maiores preocupações da humanidade em relação à clonagem seja o perigo de alguém vir a ganhar seios nas costas ou no baixo ventre.
«Green Line» (França, 4' 05) é uma interessante metáfora sobre o muro que separa Israel da Palestina, a ser destruído não pelo Homem, mas a sofrer erosão pelas forças a natureza.
«Grhaenpa» (França, 4' 35) ilustra de forma inspirada a luta entre o primitivo e o moderno, com o ecrã separado em duas partes; de um lado, um homem dos nossos dias, do outro, um homem das cavernas. De algum modo, a fazer lembrar uma cena de «Brazil», de Terry Gilliam, com uma secretária partilhada por dois cubículos. Um final esperado, mas não necessariamente previsível.
«A Cup of Tea» (China, 5' 20) e «On the Day» (Coreia do Sul, 5' 36) constituem um par de abstracções poéticas, em animação; o primeiro usa a estética de uma chávena (a azul sobre branco, como porcelana) para ilustrar os danos que a humanidade provoca no planeta e o segundo centra-se numa criança por nascer, no útero materno. Ambos recorrem a técnicas de desenho e animação simples.
Por uma vez o look plano e aborrecido de bonecos animados que parecem modelos de Poser por trabalhar não funciona mal de todo em animação 3D. No caso de «All People is Plastic» (Áustria, 12'), a intenção era mesmo o aspecto frio e oco de uma humanidade sem individualidade, transformada em milhentas peças de uma engrenagem. Uma visão deprimente do que é ser um salaryman nos dias de hoje, sem copos e karaoke ao final do dia.
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Ju Jae-hyeong, co-realizador da curta premiada «WHAN (Illusion)». |
Uma excelente surpresa, vinda da Alemanha: «Bow Tie Duty for Squareheads» (13' 24), misto de teatro, “apanhados” e intervenções de rua disparatadas, com jogos e ilusões visuais conseguidos com alguns truques de câmara muito baratos, que partem de objectos e imagens banais que se encontram nas cidades (placards, posters, etc.). Cheio de ritmo, sem esmorecer, com muitos momentos hilariantes.
«WHAN (Illusion)» (Coreia do Sul, 13' 40) é animação digital com a estética de recortes, num estilo assumidamente naïf, sobre a relação de um tigre com o seu tratador. Joga com conceitos de liberdade e prisão, observador e observado, com base na clausura de um animal de zoo, que se pergunta porque é que aquelas pessoas estão ali todos os dias para olhar para ele, dentro da jaula.
Inspirado pela epidemia da SARS, «Respire» (Taiwan, 15'), passa-se num cenário futurista asséptico, onde todas as pessoas são obrigadas a usar máscaras. Um pouco ao jeito de «THX-1138», há quem queira violar as normas — tendo de pagar por isso. A atmosfera e o aspecto visual são consistentes com a temática e bem executados com um orçamento certamente limitado.
«Nascent» (Brazil, 16') é um daqueles filmes que nos pode aborrecer demasiado cedo, deixando a sensação de que um quarto de hora é excessivo para o que se pretende ilustrar. Um homem e uma pequena embarcação, o rio, o mar. Em termos de simbologia, quanto tempo seria necessário para expressar todas as ideias? Não é uma questão de impaciência, mas o filme é apenas um barco dentro de água com um homem (por vezes) lá dentro.
Com outra linguagem e outro substrato narrativo, ao jeito de um conto fantástico ou de FC, «A Reasonable Hypothesis» (EUA, 20'), aborda o tema da clonagem, centrando-se numa personagem que se quis suicidar. Para ser salvo, os médicos criaram uma cópia (backup?). No entanto, e é aí que começa o seu drama, o seu original ainda está lá, ligado à máquina. Tem uma estética visual particular que resulta bem, um humor mordaz que também não fica mal e termina em coerência.
«The Story of Women Fighters in Gyehwa Wetland 1» (Coreia do Sul, 26') constituiu uma surpresa. Não pela temática ou pelas suas qualidades intrínsecas, mas porque não havia indicação de que a projecção não seria legendada. Não houve outro remédio senão assistir aos 26 minutos do filme em coreano. Deu para perceber o tema: as dificuldades das mulheres que trabalham nas praias, na recolha de bivalves, e cuja actividade se vê ameaçada por terraplanagens.
«J, a Photographer in a Strange Village» (39') (Coreia do Sul) talvez funcionasse melhor mais curto. É uma curiosa história de um fotógrafo que revela o interior das pessoas nas suas fotografias, num cenário peculiar, sem referências específicas de tempo ou espaço.
Longas
«Maquilapolis/City of Factories» (México/EUA, 70'), merecedor de uma menção especial do júri, é um dos títulos que aborda a exploração da mão-de-obra barata por parte de multinacionais. Maquilas são as fábricas que constituem a única oportunidade de emprego para um grande número de mexicanos. O filme analisa as indústrias que se estabelecem em Tijuana, logo depois da fronteira com os Estados Unidos, focando casos em que não só as condições de trabalho são más, como as fábricas poluem as áreas habitacionais miseráveis onde os trabalhadores vivem. Há uma peculiaridade nesta obra: a participação activa de várias mulheres, operárias das maquilas, na rodagem, depois de aprenderem a lidar com o equipamento vídeo.
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«Maquilapolis» (México/EUA). |
«Source» («Sdroj», 75') é um documentário checo rodado em Baku, no Azerbeijão, local onde surgiu o primeiro poço de petróleo do mundo. O realizador usa esse facto como símbolo, numa obra que visa fazer reflectir o europeu ou o cidadão de estados “modernos e democratizados” de classe média sobre a exploração à qual povos distantes são por vezes sujeitos em nome do nosso conforto ou da nossa necessidade de ter combustível no depósito.
Poderá parecer um cliché, mas não é nada raro que uma grande corporação surja tanto em ficção como em documentários como má da fita ou cúmplice de actos que prejudicam populações ou ambiente. Em «Source» trata-se de um consórcio liderado pela BP, pouco ou nada interessado nas condições de vida das populações. O filme de Martin Marecek dá voz a todos os intervenientes: o povo, representantes do governo e da multinacional que cede um vídeo promocional, com cantares regionais que elogiam a indústria de exploração do petróleo. A câmara enquadra crianças, animais e vegetação cercados por poluição e resíduos tóxicos, famílias que perderem as terras, expropriadas legalmente, mas com indemnizações entregues a outros.
«Gambit» (Alemanha/Suiça, 107'), de Sabine Gisiger, inserido no Green Panorama, investiga as causas de um grave acidente que ocorreu em 1976, perto de Seveso, Itália, quando um reactor químico explodiu, libertando gases na atmosfera, provocando a morte de animais, bem como complicações na saúde dos habitantes das redondezas. A fábrica pertencia ao grupo Hoffmann-La Roche, cujos responsáveis, pelo que o filme sugere, suportaram advogados na defesa do director técnico — acusado de negligenciar questões de segurança — que trabalharam, afinal, com o intuito de definir um bode expiatório para que a culpa não chegasse mais alto na hierarquia da empresa. Fazem-se outras sugestões, que ficam por sustentar, sobre a possível utilização da fábrica fora do horário de laboração para experiências militares.
Sem conspirações corporativas a espreitar, «Lopukhovo» (Bélgica, 57'), capta as vidas dos habitantes de uma aldeia ucraniana, os problemas laborais que motivam a emigração, mas sobretudo a questão da exploração industrial das florestas — um bem que tradicionalmente era pertença das comunidades, que agora mal conseguem obter madeira para aquecer as casas no Inverno.
«The Self-Made Man» (EUA, 58') é um documentário com um registo pessoal, de diário inclusive, realizado por Susan Stern, sobre o pai, Bob, que dedicou parte da sua vida a desenvolver sistemas de energia solar na sua quinta. À parte ambientalista junta-se uma polémica questão social, quando Bob Stern, diagnosticado com uma doença incurável, com uma operação complicada marcada e enfrentando um possível cenário de passar os breves momentos que lhe faltam viver em sofrimento, pondera pôr termo a tudo, suicidando-se. Discute a hipótese com membros da família e regista em vídeo os seus pensamentos.
John Peterson é um agricultor, mas também um artista experimental. Herdou vastas propriedades da família e seguiu os passos do pai no cultivo da terra. Mas a vida no interior do Illinois não foi fácil para alguém que era visto pelos vizinhos como “um homossexual exuberante”, chegando a circular rumores de que na sua quinta se realizavam rituais satânicos e sacrifícios humanos. Isso numa altura em que Peterson converteu a sua propriedade numa espécie de colónia para hippies, no final dos anos 60. O Illinois rural não é um local onde um agricultor que se vista de látex ou de abelha e saltite pelos campos seja facilmente aceite.
«The Real Dirt on Farmer John» (EUA, 82') ilustra o percurso do artista e agricultor, tendo o trunfo de apresentar registos em filme de há várias décadas, desde home movies em super 8 aos trabalhos experimentais de Peterson. Mais para o final, depois de muitas crises, o agricultor John cria uma bem sucedida exploração comunitária de agricultura biológica.
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O realizador Sasha Snow (à direita) recebe o segundo prémio por «Conflict Tiger», das mãos do director do GFFIS, Choi Yul. |
O grande vencedor do GFFIS foi «Conflict Tiger» (Reino Unido, 61'), um olhar sobre uma raça em vias de extinção, o tigre da Sibéria, e a sua relação com o Homem. O filme questiona as razões de ataques a humanos por parte de tigres, dramatiza alguns casos e insere entrevistas com habitantes de aldeias situadas na orla da floresta onde ainda vivem alguns destes animais. Uma opção curiosa, que pode ser questionável, é o recurso a actores para recriar acontecimentos, misturando esses segmentos (não identificados como "dramatização") com material documental, onde, por vezes, surgem algumas imagens chocantes, como a descoberta de cadáveres.
«Shining Boy and Little Randy» («Hoshi ni Natta Shonen») (Japão, 113') foi a única longa-metragem de ficção a que foi possível assistir nos dias em que estive no Green Film Festival. É uma espécie de “filme de domingo”, para toda a família, honesto e sem manipulações. Baseia-se na história real do primeiro “mahout” japonês. O termo refere-se aos treinadores/condutores de elefantes tailandeses e o protagonista é um aluno de liceu que vive com a família numa quinta repleta de animais cujos pais treinam para os mais variados fins, como para figuração em televisão ou cinema. O protagonista é interpretado por Yagira Yuya, célebre pela sua prestação em «Ninguém Sabe», pela qual ganhou o prémio de interpretação em Cannes.
Sessão de Encerramento
A cerimónia oficial de encerramento do Green Film Festival in Seoul teve lugar no dia 10 de Maio, depois das 19 horas, no Ehwa Girls' High School Centennial Hall.
Ao contrário do JIFF, um evento de maior dimensão e com mais convidados estrangeiros, a cerimónia, que durou pouco mais de uma hora, teve tradução em inglês — e por uma senhora no palco em traje formal.
Foi apresentado um vídeo com "momentos" dos sete dias do GFFIS. Em seguida, o director do festival, Choi Yul, ofereceu presentes à embaixadora de relações públicas do festival, a actriz Park Jin-hi, em reconhecimento pela sua contribuição para a divulgação do evento.
A general manager do GFFIS, Lee Eun-jin, fez uma análise positiva da terceira edição do festival, que este ano se realizou em Maio, "mês da família". Apresentaram-se 108 filmes de 28 países, para uma audiência de 12000 espectadores (ou 15000, contabilizando visitantes a eventos associados, como as exposições). Houve um crescimento de 100% da ocupação de salas, em relação ao ano passado. 28 filmes esgotaram, incluindo «Mondovino» e «The Great Yokai War».
Os dois realizadores cujos projectos foram escolhidos, de entre os 11 que se candidataram, ao apoio à produção receberam os certificados de pré-produção das mãos do director do festival.
Em representação do júri, a indiana Alka Tomar comentou os filmes apreciados. "That's a nice sari", disse a tradutora, enquanto ela descia as escadas. Tomar, agradeceu o convite para integrar o júri e, talvez como forma de retribuir o elogio anterior, referiu ter ficado impressionada com o modo como as raparigas coreanas se vestem ("very smartly").
Choi Yul deu o festival por encerrado, numa declaração que destacou a instituição do "Green Archive", para ir de encontro a uma audiência mais vasta, durante todo o ano e em todo o país. Seguiu-se projecção do Grande Prémio do GFFIS, «Conflict Tiger». |
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Choi Yul (em cima), director do GFFIS e a actriz Park Jin-hi, embaixadora de relações públicas do festival. |
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III — Palmarés
GFFIS Grand Prize: «Conflict Tiger» (Reino Unido), Sasha Snow
Excellence Prize: «Radiophobia» (Espanha), Julio Soto
Best Short Film: «WHAN (ILLUSION)» (Coreia do Sul), Ju Jae-hyung e Song Seung-min
Audience's Choice Award: «Conflict Tiger»
Menção especial do Juri: «Maquilapolis» (México/EUA), Vicky Funari e Sergio de la Torre
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Com o apoio da Korea Foundation |
7/06/06
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