Jin-gyeong (Kim) acorda na cama com um homem desconhecido. Dae-seo (Jeong) está igualmente surpreso; não faz ideia de como é que foi ali parar. Quando o maior problema de um e de outro era apurar o que é que tinha acontecido na noite anterior, os três irmãos dela convidam Dae-seo para uma conversa privada, no topo de um edifício alto, e explicam-lhe que a honra da irmã só pode ser salva com o casamento. O pai dela também parece entusiasmado com a ideia, até porque o rapaz frequentou uma boa universidade e está muito bem empregado. É uma forma de trazer um pouco de dignidade e prestígio à família. Dae-seo, já comprometido, não está interessado no enlace matrimonial, principalmente tendo em conta que o futuro sogro é o líder de um grupo de gangsters.
«Marrying the Mafia» é uma comédia "jopok" (gangster), um género muito popular na Coreia do Sul, principalmente nos últimos anos, depois do sucesso de «Jopog Manura» [«My Wife is a Gangster»] (2001). O filme de Jung Heung-sun tornou-se o número 1 nas bilheteiras locais do ano em que estreou, considerando apenas a produção local; no top geral das receitas ficou em segundo, abaixo de «O Senhor dos Anéis — As Duas Torres» e acima de «Harry Potter e a Câmara dos Segredos». Os filmes mais vistos na Coreia são frequentemente títulos de mérito e qualidade artística, pelo menos por comparação com um top europeu ou americano. O número 1 de 2002 contribui para prejudicar esta estatística.
O argumento é derivativo e pouco ou nada imaginativo. As semelhanças com «My Wife is a Gangster» são flagrantes e notórias. A premissa é similar: um "inocente" envolve-se com uma mulher ligada ao crime organizado. No primeiro filme, ela era uma líder de um grupo, aqui está de fora — não aprova os negócios da família, mas também não se choca particularmente com eles. O inocente procura uma esposa no primeiro filme; aqui resiste ao casamento. Ambos os filmes exploram o choque de um cidadão normal, um trabalhador de colarinho branco, que se vê, inadvertidamente, no meio de gangsters, procurando delinear uma série de sketches humorísticos.
«My Wife is a Gangster» tem um ou outro quadro com alguma graça, mas é um filme fraco. Se se tentou seguir as suas pegadas é natural que o resultado seja (ainda) pior. As personagens são tratadas com total ligeireza, revelando pouca ou nenhuma coerência, limitando-se a cumprir as funcionalidades do argumento. Repete-se o recurso a algumas cenas de acção, mais ou menos brutais, e que nos retiram de imediato do registo humor inconsequente. Quando, ao jeito de epílogo, se tentam explicar coisas que vimos no início, as coisas tornam-se ainda mais disparatadas. Os cineastas nem tiveram pejo de engendrar um final em todo paralelo, temática e formalmente, a «My Wife is a Gangster».
Podemos dizer que «Marrying the Mafia» está para «My Wife is a Gangster» como «My Tutor Friend» (2003) para «Yeobgijeogin Geunyeo» [«My Sassy Girl»] (2001). Um e outro ficam a milhas dos filmes que os "inspiraram" e deixam o gosto desagradável de uma infinidade de ingredientes que não se misturaram bem no cozinhado. Este filme tem outra característica que não lhe é exclusiva: a necessidade de ampliar a duração para lá do necessário e do suportável, desenvolvendo situações com pouco ou nenhum relevo para a história central, como os avanços do irmão mais velho com a professora do filho ou o plano para afastar a namorada de Dae-seo do caminho. E assim chega o filme quase às duas horas de duração com uma estrutura que parece resultar da agregação de elementos de dois ou três episódios de uma série televisiva. E sem graça.
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