«Wishing Stairs» é o terceiro tomo da série «Yeogogoedam», depois de «Whispering Corridors» («Yeogogoedam», 1998) e «Memento Mori» («Yeogogoedam Du Beonjjae Iyagi», 1999). ⁽¹⁾ Os filmes não têm qualquer relação entre eles — unem-se apenas pelo cenário de um liceu feminino —, pelo que será indiferente vê-los por ordem cronológica de produção.

Apesar de não se esforçar por fugir à rotina, o filme de Yun Jae-yeon evita a convencional “história misteriosa” no passado, que é preciso deslindar para entender as causas da maldição ou assombração que as protagonistas enfrentam no presente. Aqui tudo decorre no tempo actual, sem espíritos vingativos de uma colegial assassinada 30 anos atrás.

«Memento Mori» destaca-se dos outros títulos, por evitar a estrutura e os ingredientes tradicionais do filme de horror e se concentrar na relação entre as personagens. Os cineastas tinham certamente o filme de Kim Tae-yong e Min Kyu-dong presente quando rodavam este terceiro tomo: sugere-se uma relação para lá da amizade entre as raparigas — mas sem que se faça um caso disso — e até há uma cena similar com um bolo comemorativo.

Tal como no segundo filme, há também aqui um terceiro elemento, uma observadora que deseja passar a participante. Hye-ju (Jo), no entanto, é difícil de levar a sério: a personagem surge com a caracterização, os trejeitos e até a voz afectada de Sammi Cheng em «Love on a Diet». Intencional ou não, as semelhanças são muitas, e parecemos estar no campo da paródia, em contraste com o tom do resto do filme.

So-hui (Park Han-byeol) passa de melhor amiga de Jin-seong (Song Ji-hyo) para um peso nos ombros.

Para lá da própria premissa não ser muito apelativa — uma escadaria que concede desejos? — a evolução da relação entre as protagonistas, onde o drama assenta — não teve o tratamento necessário; passa-se de uma amizade forte para competição cega e agressividade, apenas em obediência às mudanças exigidas pelo guião.

Não há muito em jeito de elaboração estética ou criação de atmosfera que compense pela ineficácia dramática e personagens subnutridas de «Wishing Stairs», nem imagens que fiquem marcadas na nossa memória. Os momentos “fortes”, no que toca aos tristes destinos de algumas estudantes, resumem-se a cair pelas escadas abaixo (não necessariamente as escadas) ou a sombra de alguém a ser apunhalado.

Não se trata de um cameo de Sammi Cheng nem de uma chamada perdida.

A opção por evitar o caminho previsível de construir o texto numa sucessão de quadros com mortes elaboradas seria de aplaudir se tal significasse um investimento nas personagens e no drama. Deste modo, quase desejamos que se “banalize” a estrutura e se matem secundários regular e abundantemente, para que não nos aborreçamos tanto.

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(1) O título original de «Memento Mori» traduz-se literalmente por “História de Fantasmas num Liceu Feminino, 2ª História”. «Wishing Stairs» será “História de Fantasmas num Liceu Feminino, 3ª História: as Escadas da Raposa”.

A “raposa” não é apenas o animal, mas um espírito ou criatura mitológica frequente no imaginário oriental, que, por vezes, assume outras formas, inclusive a humana. As representações dessas criaturas surgem em filmes tão díspares como «A Chinese Erotic Ghost Story» (produção de Hong Kong para adultos) ou «Pom Poko» (animação japonesa de Takahata Isao). No entanto, a “raposa” não se manifesta fisicamente em «Wishing Stairs», é apenas invocada pela personagens.

publicado online em 9/8/06