Neko no Ongaeshi [The Cat Returns]
猫の恩返し
Realizado por Morita Hiroyuki
Japão, 2002 Cor – 75 min.
Com as vozes de: Ikewaki Chizuru, Hakamada Yoshihiko, Maeda Aki, Yamada Takayuki, Sato Hitomi, Okae Kumiko, Tanba Tetsuro, Watanabe Tetsu
comédia fantasia anime animação
Capa DVD
Haru (Ikewaki), uma estudante de 17 anos, vive sozinha com a mãe. Um dia, a caminho da escola, fica espantada com um gato que transporta um pequeno objecto na boca, vindo a salvá-lo de ser transformado num pequeno tapete peludo por um camião. Nessa noite, recebe a visita de uma delegação do Reino dos Gatos, que lhe apresenta um convite para comparecer perante o rei. Como se tal não fosse suficiente para assustar a rapariga, eis que se vê noiva à força do príncipe gato. Uma voz misteriosa aconselha-a a procurar o Barão (Hakamada), para a ajudar a libertar-se do vínculo matrimonial com um felino, num mundo mágico, irreal e com um péssimo sistema de transportes.

«The Cat Returns» foi produzido no Studio Ghibli, depois d' «A Viagem de Chihiro/Sen to Chihiro no Kamikakushi» (2001) e antes de «Hauru no Ugoku Shiro» [«Howl's Moving Castle»] (2004), dois filmes que só à conta do nome de Miyazaki Hayao geraram enorme expectativa e deram azo a centenas de linhas escritas, por todo o mundo, antes mesmo de um único frame de animação estar concluído. Os filmes do estúdio estão normalmente associados aos seus dois mentores, Miyazaki e Takahata Isao, mas não é a primeira vez que uma produção Ghibli é assinada por outrem. Aliás, «Mimi wo Sumaseba» [«Whisper of the Heart»] (1991), de Kondo Yoshifumi, é uma das grandes obras Ghibli — o que não é dizer muito, tendo em conta que a qualidade do output da produtora é, no mínimo, invulgar.

As razões para o low profile de «The Cat Returns» não se prenderão somente com a ausência de um dos nomes sonantes do estúdio japonês na direcção, mas também com a própria natureza do filme. «Whisper of the Heart», de Kondo, baseou-se numa manga de Hiiragi Aoi. O filme de Morita Hiroyuki, não se tratando exactamente de uma sequela, baseia-se na mesma fonte, ou melhor, noutra história de Hiiragi. Esta "fidelidade" ao trabalho da autora pode surpreender-nos porque o filme passa-se numa realidade diversa da de «Whisper of the Heart». Aí, a heroína vislumbrava um mundo de fantasia na sua imaginação, alimentada pelas histórias de um velho antiquário: a estatueta do Barão, um gato antropomorfizado, ganhava vida numa história por ela escrita, integrando um alter-ego seu, que subia nos ares numa famosa imagem, presente em trailers e posters. O filme permanece com os pés assentes na terra, abordando dilemas profundos num momento de transição na vida de uma adolescente.

«The Cat Returns» faz lembrar uma daquelas sequelas feitas para vídeo, com um orçamento reduzido e com uma relação de pouco relevo com o filme original. A duração é reduzida e pouco frequente num filme do Studio Ghibli para cinema — meros 75 minutos. A densidade dramática é igualmente reduzida. Ao nível de um livro para pintar.

O que, à primeira vista, parece uma "traição" ao material original é, como acima se refere, meramente reflexo de uma opção pela utilização de personagens anteriormente utilizadas, colocando-as num mundo diferente. Estamos agora no âmbito da fantasia pura, mais uma variante de "Alice no País das Maravilhas", com um tom ligeiro geral que nos lembra de certos blockbusters de animação familiares, que hoje em dia já não estarão tão em moda.

Se existem limitações ao nível do desenvolvimento narrativo e da densidade das personagens — que tornam o filme mais ao nível do conceito infantil de "desenhos animados" do que de "cinema" —, é necessário frisar que a qualidade da animação não decepciona, sendo a principal razão para recomendar um filme que, pela temática e estrutura do argumento, bem poderia ser produzido pelos estúdios Disney. Poderia? Bom, na realidade é mesmo uma (co-)produção da Buena Vista japonesa, que estendeu a praga dos trailers antes do menu ao DVD de Hong Kong. Dobrado, terá todos os ingredientes para funcionar bem no mercado infantil ocidental.

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Edição de dois DVDs IVL (HK R3), coerente em conteúdo e design com a restante colecção Ghibli. Lamenta-se a falta de legendas em inglês no making-of, uma peça normalmente ausente dos outros DVDs. Imagem anamórfica, som DTS e Dolby 5.1 em japonês, além de duas pistas 2.0 com a dobragem em mandarim e cantonês. Edição R1 prevista para Fevereiro de 2005. Disponível desde Novembro de 2004 no mercado francês («Le Royaume des Chats»), em duas versões — regular e coleccionador.

publicado online em 24/1/05

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