A sua personagem em «Family Ties» é uma espécie de mãe de todas as outras, no seio de uma família alternativa. Pensa que no contexto da sociedade coreana estas relações serão recebidas com muita estranheza?
Não penso realmente que o filme seja assim tão controverso ou progressivo. Contém esse tipo de mensagem? Não estou segura. O filme não é sobre a vontade, é mais como se o que vemos se limite a acontecer.
Gostei muito desta perspectiva, desta atitude do filme, onde se tenta aceitar estas pessoas tal como elas são. Quando vivemos a nossa vida estas situações podem gerar-se. Não deixa de ser verdade que as relações que ligam as personagens são muito diversas das que formam as famílias coreanas normais.
As famílias normais assentam em relações de sangue...
Sim, normalmente na Coreia as pessoas não seriam realmente muito receptivas a este tipo de famílias. Perguntar-se-iam porquê, o que aconteceu; esse tipo de mentalidade. Mas este filme está mais aberto a esta família “anormal”, diferente... É uma família fora do normal, mas não deixa de ser uma família. Foi apenas o que aconteceu com as personagens, conheceram-se naqueles termos — esse tipo de atitude de aceitação do filme, foi aquilo que gostei, o que me atraiu.
Moon So-ri
문소리
[Mun So-ri]
Filmografia
Longas-metragens:
Family Ties (Gajokui Tansaeng 가족의 탄생) (2006)
Bewitching Attraction (Yeogyosu-ui Eunmilhan Maeryeok 여교수의 은밀한 매력) (2006)
Sagwa (사과) (2005) (1)
Bravo, My Life (Saranghae, Malsun Ssi 사랑해, 말순씨) (2005)
The President's Barber (Hyoja-dong Ibalsa 효자동 이발사) (2004)
A Good Lawyer's Wife (Baramnan Gajok 바람난 가족) (2003)
Oasis (오아시스) (2002)
Peppermint Candy (Bakha Satang 박하사탕) (1999)
TV
Taewang Sajingi (태왕사신기) (2006)
Entre «Peppermint Candy» e «Oasis», Moon So-ri participou em sete curtas-metragens, incluindo «Plan 19 From Outer Space» («외계의 제19호 계획») (2000), exibida no Fantasporto em 2002, e «To the Spring Mountain» («봄산에») (2001)
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(1) Por estrear no final de 2006. |
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Nesta altura da sua carreira esperaríamos que optasse por filmes onde tivesse um protagonismo destacado, no entanto optou por fazer parte de um elenco onde se incluem meia dúzia de personagens principais. Porquê?
Penso que é positivo ter estas experiências, em colaboração com outros bons actores e actrizes. Pela mesma razão decidi aceitar o papel em «Bravo, My Life» («Saranghae Malsunssi»), por pensar que não se faziam histórias daquele género sobre o amadurecimento de uma criança no cinema coreano. Essa foi uma das razões, mas, ao mesmo tempo, pensei que me ajudaria muito contracenar com o jovem actor Lee Jae-ung, que interpretava o meu filho no filme. Este tipo de relações com outros actores ajuda-me imenso. E em «The President's Barber» («Hyoja-dong Ibalsa») também quis fazer parte de um elenco com outros actores e actrizes principais. Dessa forma sinto mais apoio e conforto no desempenho do meu trabalho.
Sim, gostaria de ser uma grande, famosa, actriz, mas, ao mesmo tempo, não quero permanecer como uma espécie de estrela de cinema misteriosa. Quero estar onde quer que seja precisa no cinema coreano. No local certo, no momento certo, onde for precisa. Essa é uma das coisas que quero fazer em prol da indústria do cinema coreano. Quero ser útil.
Depois de «Family Ties» decidiu participar num drama televisivo, “Taewang Sasingi”. O que a motivou a aceitar esse trabalho?
Já há algum tempo que tinha pensado que um dia faria TV, desde que o projecto fosse interessante. Quero ter a capacidade de atravessar todos os géneros de representação, como drama televisivo, filme e teatro, uma vez que as exigências e o modo de representar são diferentes. A razão principal é querer fazer coisas diferentes. No mês passado [Junho 2006] participei numa peça de teatro chamada “Geogi” [There/Lá]. Antes, já tinha trabalhado numa outra chamada “Sad Play” [Peça Triste].
Outra razão é que muitas pessoas conhecem o meu nome, mas não o meu rosto. Talvez porque os filmes onde participei não tenham sido particularmente populares nas bilheteiras. Pensei que talvez fosse chegada a altura em que devesse permitir-me ser um pouco mais conhecida, pois a TV, como sabe, está mais próxima do público do que o filme.
Além disso, a personagem de "Taewang Sasingi" era muito diferente das personagens típicas dos dramas coreanos; era uma personagem feminina relativamente forte e diferente. Mas receio que possa acabar por vir a ser muito semelhante a essas personagens femininas rotineiras dos dramas televisivos, pois o guião tem mudado constantemente [risos]. Estou preocupada com essa possibilidade, pois esses estereótipos são mulheres muito fracas e melodramáticas.